quarta-feira, 30 de março de 2011

Na passada 2ª Feira voltei aos bancos da minha Escola Primária...


Na passada segunda-feira voltei, com muita alegria, aos bancos da minha escola primária. A convite da coordenadora da biblioteca escolar de Gonçalo "Elvira Esteves Aires" lá fui ler uma história aos alunos, actividade inserida numa semana dedicada ao livro e à leitura. Antecederam-me, nesta importante missão de  exemplo e testemunho, a Senhora Presidente da Assembleia de Freguesia de Gonçalo, Dra. Maria Arlete e o Senhor Governador Civil do Distrito da Guarda, Dr. António Santinho Pacheco. 
Foi com grande emoção que vivi aquele início de manhã em que pude partilhar algo tão importante como a leitura com os nossos meninos. Por momentos revivi mentalmente os meus tempos de aluno naquela escola. E pude facilmente constatar as grandes transformações que aquele espaço sofreu... afinal de contas eu estava a ler uma um conto numa biblioteca escolar que fica mesmo em cima do nosso antigo espaço de recreio... onde corríamos e saltávamos pelo meio da terra...
Na verdade, a minha velhinha escola primária deu lugar a um moderno e confortável Centro Escolar... um equipamento de referência para a nossa terra...
Mas, voltando à minha leitura... Tendo em conta que o tema da área de projecto da escola, este ano, é a floresta escolhi um conto de Isabel Alçada, Ministra da Educação (os professores é que não aprovaram muito a minha escolha... houve gargalhadas e alguma tosse). 
Os alunos, esses, ouviram, com toda a atenção, o conto "Há fogo na floresta", uma boa lição pedagógica de prevenção dos fogos florestais (eu sou daqueles que acreditam que é incutindo nas crianças estes valores que vamos conseguir mudar um "pouquinho" do mundo, no futuro).
No final houve tempo para o tradicional resumo e para meia dúzia de perguntinhas!
E, enquanto descia as escadas para a saída recordei, com nostalgia, as correrias de outros tempos... os vidros que de vez em quando se partiam, a D. Graziela a correr atrás de nós... e muitos, muitos amigos de sempre... 
Foi bom voltar à escola!

Pedro Pires


sexta-feira, 18 de março de 2011

PENSAMENTOS...

«Não se escreve com emoções; escreve-se com a memória. Como um oleiro, ao trabalhar num vaso, quando escrevo estou só preocupado em transformar essa memória em palavras, em música. 'Sentir sinta quem lê', como dizia Fernando Pessoa»

                                                                                                                                                                             Eugénio de Andrade (1923-2005)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Carvalho Grande foi classificado como árvore de interesse público nacional

Foto de www.scgoncalense.blogspot.com
Em tempos tão conturbados, eis uma boa notícia para todos os Gonçalenses e para aqueles que se preocupam com a preservação do património da nossa terra. Por despacho de 2 de Fevereiro de 2011,  do Presidente da Autoridade Florestal Nacional, dado a conhecer, ontem, à Freguesia de Gonçalo, o nosso Carvalho Grande foi  finalmente classificado como árvore de interesse público, através do Aviso nº2/2011 da AFN.
O Carvalho Grande passa agora a ter um "Bilhete de Identidade" que o identifica e que garantirá para o futuro os maiores cuidados com a sua preservação e conservação.
De acordo o documento remetido à Junta de Freguesia de Gonçalo, o Carvalho Grande é descrito da seguinte forma:
«Exemplar centenário de porte notável, situado na entrada da Vila de Gonçalo, conhecido por "Carvalho Santo", que é alvo de grande carinho e devoção pela população local. Carvalho de grande valor histórico e cultural por estar associado ao culto de Nossa Senhora da Misericórdia. Todos os anos a tradicional procissão que se realiza a 7 e 8 de Setembro, entre a sua capela nas Quintas de Nossa Senhora da Misericórdia e a sede da Freguesia começa e acaba no Carvalho Santo, sob cuja copa a imagem é simbolicamente colocada.
O Sociólogo Moisés Espírito Santo na sua obra "Fontes Remotas da Cultura Portuguesa" reconhece no Carvalho Santo a verdadeira origem do topónimo Gonçalo, que deriva do vocábulo "carvalho" e que foi objecto de oráculos.»
Esta classificação confere, agora, ao nosso Carvalho Grande o direito a uma área envolvente de protecção e a garantia de que para qualquer intervenção na árvore ou na zona de protecção tem que haver uma autorização  prévia da Autoridade Florestal Nacional. Importa agora que a Junta de Freguesia tenha algumas ideias e conceba um pequeno projecto de revitalização do espaço envolvente... o nosso Carvalho Grande bem o merece...

Pedro Pires

terça-feira, 1 de março de 2011

COIMBRA é mesmo uma lição em que se aprende a dizer SAUDADE...

«COIMBRA
Eu te canto Coimbra sem idade
As horas e os dias de saudade
A torre do alto rasga o espaço
De sonhos, de rio e enlace

Com o Zeca e Adriano feitos de amor
O penedo, o choupal, a eternidade
Com Pedro e Inês em clamor
 Num hino de luz à mocidade

És um sonho de ira, uma miragem
O tempo que passou ficando
Resta de ti em pensamento, a tua imagem
Dos passos na calçada murmurando

Eu te canto Coimbra sem idade»
(Fado de Coimbra)

Hoje é dia 1 de Março, dia da Universidade de Coimbra. Para quem não sabe a Universidade de Coimbra remonta ao século XIII, precisamente a 1 de Março de 1290, quando foi assinado em Leiria, por D. Dinis, o documento Scientiae thesaurus mirabilis, que institui a própria Universidade e pede ao Papa a confirmação. Trata-se da mais antiga Universidade Portuguesa e uma das mais antigas Universidades da Europa.
É sempre com nostalgia e saudade, aquela saudade muito especial e única que se aprende a sentir na mística e encantadora cidade de Coimbra, que recordo os meus tempos de estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra...
O dia 1 de Março era um dia muito espacial nos meus tempos académicos... acima de tudo era um dia de descanso para todos os estudantes... Normalmente aproveitávamos para dar um passeio pelo jardim botânico, se o dia estivesse solarengo...
Falar de Coimbra traz-me sempre aos olhos uma lágrima de emoção... pelas boas recordações de menino do interior que chega a uma Universidade grande, onde se respira História... onde é impossível não se deixar apaixonar pelo Mondego, pela Lapa ou pelo Choupal, imponente...
Recordar Coimbra é lembrar bons amigos como o Telmo (o meu afilhado) ou a Rita (minha boa amiga de sempre) companheira de tantas lutas...
Recordar Coimbra é ter no ouvido o som das guitarras e do fado... Recordar Coimbra é sentir o calor e a emoção das serenatas na Sé Velha... e os gritos académicos dos cortejos e das manifes...
Recordar Coimbra é sentir arder cá por dentro o orgulho de ser estudante de uma magna academia...
Recordar Coimbra é lembrar os bons tempos passados na casa da Madeira e no Cartola, onde se bebia um café esplêndido!
Recordar Coimbra é sentir que valeu a pena viver cinco anos da minha vida numa cidade de encantos... numa cidade em que se respira o espírito académico e em que se consegue sonhar, que mais não seja bebendo um copo e ouvindo cantar um fado...
Jamais poderei agradecer o suficiente aos meus pais pelos sacrifícios enormes que fizeram para me poderem proporcionar esta experiência que marcou, para sempre, a minha vida.
Julgo que valeu a pena... julgo que valeu mesmo a pena...
Bem-Hajam...
Um abraço especial a todos aqueles que vestiram a capa e a batina da velhinha Universidade de Coimbra e que, certamente, partilham comigo, hoje, este sentimento tão nosso ... a Saudade!

Aqui fica um belíssimo fado da serenata de Coimbra...para recordar velhos tempos...



Pedro Pires