sexta-feira, 10 de setembro de 2010

E pronto, mais uma Festa de Setembro que terminiou(?)...


Procissão de N.Sra. da Misericórdia (08.09.2010) - Foto Jorge Carvalhinho
Durante cinco dias foi grande a agitação na nossa Vila de Gonçalo e, mais uma vez, o nosso Olival do Corro foi o palco central das Festividades em honra de Nossa Senhora da Misericórdia. Nesse sentido, não podíamos deixar de noticiar no nosso blogue os importantes acontecimentos que tiveram lugar, aqui, no Olival do Corro.
Desde o final de Agosto que foi grande a azafama, aqui, no largo. Ele foi montar o palco, as barraquinhas de apoio, a Quermesse e tantos outros apetrechos que são necessários para que a nossa Festa de Setembro aconteça... enfim, uma semana agitada que fez, desde logo, notar que era tempo de Festa na terra...
Depois, foi a vez de surgirem os primeiros cartazes com o programa das Festas e com eles a primeira leva de críticas e comentários... nada de muito anormal! Afinal de contas, as críticas e os comentários também fazem parte da Festa!...
E...num abrir e fechar de olhos a Festa de Setembro começou e terminou... Foram cinco dias de muita animação e convívio. Aqui o largo esteve sempre bem composto de gente (mas,claro, o sábado foi de longe o melhor dia!)
Na verdade a Festa de Nossa Senhora da Misericórdia demonstrou ser aquilo que sempre foi. Momento alto da vida da terra... e com mais ou menos dose de "tradição", com banda de música e sem foguetes porque estamos em época de grande probabilidade de incêndios (e não fossem os Bombeiros co-organizadores das Festividades!)  a verdade é que os Gonçalenses (pelo menos alguns) puderam conviver, puderam divertir-se e puderam sentir junto da imagem de Nossa Senhora e durante as cerimónias religiosas o calor da sua fé que, não raras vezes, lhes serve de acalento da alma...
Naturalmente que estão de parabéns as colectividades da nossa terra (Sport Clube Gonçalense e Bombeiros Voluntários de Gonçalo) que, no curto espaço de apenas 15 dias, conseguiram organizar com muita dignidade, dedicação e algum sacrifício a nossa Festa de Setembro.
Como em tudo na vida, também agora é preciso olhar para trás e fazer um balanço daquilo que correu bem e daquilo que, porventura, correu mal.
Nós por cá achamos que o programa das Festas foi um programa muito digno da nossa terra e que em nada envergonhou a alma Gonçalense...
Há, no entanto, para aí muito quem fale e muito quem critique, mas a ver vamos se para o ano que vem também haverá muito quem faça e proponha, com mais ou menos "tradição", com andor em verga ou com o andor das bolinhas, com santos ou sem santos dos bairros a acompanhar a procissão, com mais conjuntos ou menos conjuntos, com mais artistas ou mesnos artistas...enfim, cá ficaremos a aguardar pelo momento fulcral em que os grupos de amigos, familiares ou conhecidos deixem de falar, discutir e debater se a crise de mordomos para a Festa de Setembro se deve, verdadeiramente, às ditas "alterações à tradição" ou a um profundo laxismo e a uma desmesurada acomodação que vão graçando entre alguma da nossa gente...
Tendo em conta a hipocrisia de alguns comentarios e de algumas críticas que temos vindo a ouvir, poderíamos mesmo afirmar que a crise de mordomos para a Festa pode, isso sim e muito bem, ter origem nesse sentimento de algum receio das críticas e dos comentários saloios que muitos vão atirando para o ar e que, muitas vezes, demasiadas vezes, magoam e ofendem aqueles que sacrificam as suas vidas e o espaço das suas famílias para proporcionar à comunidade o divertimento, o convívio e a festa!
Comentários como: "que raio de banda tão pequena, até é uma vergonha para uma terra destas" ou ainda: "não me digas que estás cansado! Vê lá se não estás mas é abafado com o fumo dos foguetes" ou melhor "que raio de andor que parece um caixão! Pode ser que sirva para levar lá dentro quem o encomendou" - Quando se atiram para o ar palavras tão loucas (Meu Deus!), torna-se muito difícil, acreditem, fazer (como o ditado diz) orelhas mocas.
É, pois, por isso que exprimo, aqui e agora, no Olival do Corro a minha opinião. Será que vale assim tanto a pena discutir e debater a problemática da Festa de Nossa Senhora da Misericórdia?! Será que a tal "problemática" não começa logo na necessidade de uma verdadeira revolução na mentalidade da nossa gente?!
Outr'ora destacámo-nos de todas as terras, terrinhas, cidades e cidadezinhas... pela abertura do nosso espírito e pela vanguarda do nosso pensamento, fruto das vivências dos movimentos sazonais com os grandes centros e com o litoral, na comercialização dos nossos cestos...
No presente, tenho que admití-lo, às vezes parecemos uma espécie de "atrasadinhos", fechados dentro de uma redoma e envolvidos por um passado que já não volta e agarrados a "tradições" que contrariam os novos tempos em que vivemos e existimos (Hei! Estamos no Séc.XXI! E já não andamos de burro e nem de carroça!)... E, somos, até, capazes de renegar, imagine-se, a nossa arte... a nossa identidade... Ou será que não é isso que fazemos quando rejeitamos os andores em verga?! Não poderá a nossa fé e a nossa religião estar ao serviço da promoção da nossa arte, da nossa identidade de cesteiros?!
Perdoem-me a franqueza, mas sinto-me por demais magoado e ofendido (eu tantos outros que trabalham todos os dias com afinco e dedicação) com más palavras que o vento há-de levar, mas que o coração, esse, pelo amor à terra, não deixará de sentir!
O futuro é sempre incerto, por vezes demasiado incerto, mas pensamos que é chegado o momento de, também nós, podermos avaliar, construtivamente, o trabalho de outros... assim haja gente que se proponha a falar menos, a perder demasiado tempo em aspectos irrelevantes e a fazer mais... a fazer mais com "F" grande... a fazer de verdade alguma coisa pela sobrevivência da nossa Festa.
E não vale a pena tentar atirar para o ar os argumentos do costume... porque a Festa será aquilo que quem a organizar quiser... e decorrerá da forma como quem a organizar quiser... Aliás, as inovações das últimas comissões são a real prova disso mesmo!
Até lá, o meu espírito ficará tranquilo e nem sequer me preocuparei com as vozes que vão ecoando pela vila e, naturalmente, também aqui pelo olival do corro, pois como dizia o meu saudoso amigo António Amaral (ferforoso adepto da demonstração da nossa arte nos nossos andores e da mudança da festa para o fim-de-semana): "os críticos são sempre os mesmos...e são poucos...apenas tentam gritar mais alto para se fazerem ouvir e parecerem muitos..."
Acho que vale, realmente, a pena pensar nisto...
Fiquem bem...

Saudações Cordiais e Amigas, a partir do nosso Olival do Corro,

Pedro Pires

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